Dentro da programação do Festival de Arte Contemporânea Psiu Poético, que começa nessa quarta, 4 de outubro, Dia Municipal da Poesia, serão realizados vários lançamentos de livros. Um deles acontecerá nesta sexta, 6 de outubro, às 20 horas, no Centro Cultural Hermes de Paula. Trata-se da obra A Descoberta das Américas, o Teatro de Júlio Adrião, de Alanderson Machado.
O livro é uma adaptação da dissertação de Mestrado em Artes Cênicas defendida na UFMG, em 2015, pelo autor. É um estudo do gênero Monólogo, que abrange um apanhado da história do teatro pouco explorado, elucida as características essenciais desse gênero, suas potencialidades e fragilidades e os motivos da popularização desse fenômeno cultural nas últimas duas décadas no Brasil. Aborda também o processo criativo da versão brasileira da icônica peça “A DESCOBERTA DAS AMÉRICAS”, do dramaturgo italiano Dario Fo, em cartaz há 18 anos. Na versão nacional, o ator Júlio Adrião narra, de forma divertida e irônica, o início da colonização espanhola nas Américas, sem deixar de mencionar o extermínio violento a que foram submetidos os povos nativos.
Para Mariana Novaes, professora e doutoranda em Literatura pela UFMG, "o teatro, momento do presente e de presença, é também uma obra jamais acabada. Ao escolher a peça A descoberta das Américas, de Dario Fo, em cartaz há 18 anos, para análise, Alanderson Machado fez uma escolha certa e honesta. Certa, pois percebemos que o monólogo não tem nada de uno e proporciona uma escuta ainda mais silenciosa e cúmplice do outro, no caso, o espectador. Honesta, porque o autor apresenta, de forma minuciosa, a sua recepção crítica para entender que, no caso de ator criador Júlio Adrião, traduzir e adaptar é destruir, digerir, transgredir, ressignificar, enfim, um ato antropofágico. Jornalista, ator e pesquisador, Machado utiliza essas facetas na construção deste riquíssimo trabalho, fonte significativa para a pesquisa cênica. Esse espetáculo solo é aqui desbravado para que o leitor, leigo ou especializado, navegue no universo teatral em mares pouco conhecidos. A gênese de uma obra de arte, em constante processo de vir a ser, como é o caso deste estudo e da própria peça, remete ao poema de Murilo Mendes: 'Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. (...). Nascer é muito comprido' ".
BREVE CURRÍCULO DO AUTOR - Escritor, roteirista e ator formado no CEFART/Palácio das Artes em Belo Horizonte. Atuou como ator em mais de dez peças e participou de coletivos teatrais na capital mineira e em diversos festivais cênicos por 15 anos. Graduado em Jornalismo, Publicidade e Propaganda, pós-graduado em História da Arte Contemporânea e em Roteiro para Filmes e Séries pela PUC Minas e mestre em Artes Cênicas pela UFMG. Coautor do livro “Besteirol e Carnavalização - O teatro de Mauro Rasi, Vicente Pereira e Miguel Falabella”, vencedor do Prêmio BDMG Cultural Categoria Ensaio 1992.
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